Sistemas de tratamento de água sob o ponto de vista microbiológico
Num sistema de água ultrapura, um projeto adequado, uma manutenção e controle rígidos, fazem com que a qualidade da água tratada seja mais segura e consistente.
Na fase de projeto de um sistema de água ultrapura, discute-se muito sobre os efeitos de sais, particulados e matérias orgânicas, sobre a qualidade final da água, poucas vezes se discute sobre o efeito e o comportamento de todo o equipamento empregado para o tratamento de água, no que se refere à contaminação biológica, na maioria dos casos só é dada certa consideração às tubulações.
A maioria dos problemas de contaminação biológica (bioincrustações), relaciona-se com bactérias e como tais, elas são o indicador mais importante da qualidade da água do sistema.
As bactérias, como organismo auto-reprodutivo são em si mesmas a origem da contaminação orgânica ou de biocontaminação. O particulado e a contaminação orgânica são sérios problemas para a indústria farmacêutica, cosmética, veterinária e de produtos para a saúde.
A bio incrustação, por outro lado, tem efeitos negativos para a eficiência de resinas de troca iônica, membranas de osmose reversa e filtros de membranas porosas.
A qualidade química da água pode ser medida com muita precisão praticamente em base de tempo real (condutividade, pH, resistividade, etc.). A qualidade microbiológica da água, por outro lado, ainda não pode ser controlado por instrumentos em base de tempo real, apesar dos grandes avanços que estão sendo realizados neste sentido para determinados testes.
É importante notar que a qualidade microbiológica da água não é definida somente pela quantidade de organismos presentes, mas pelas diferentes espécies de organismos presentes. Exemplos destes requisitos são aqueles que, claramente, restringem a presença de Coliformes por espécie e número, e a ênfase na determinação da natureza e tipo de Pseudomonas presentes.
Devemos destacar que os métodos empregados para contagem e identificação microbiológica têm as suas limitações. Estes métodos são constantemente melhorados para serem realizados mais rapidamente, e pela incorporação de instrumentação sofisticada.
O método empregado deveria detectar a contaminação biológica antes que esta atinja a produção com as conseqüências já conhecidas: interrupção da produção.
Uma verificação cuidadosa dos níveis de bactérias em sistemas de água tratada é o método mais sensível para planejar as funções da manutenção preventiva. Os métodos empregados são diferentes: muitos sistemas são rotineiramente limpos, só na base de ciclos de tempo, sem consideração do nível de contaminação bacteriológica. No outro extremo temos, que a manutenção preventiva só é realizada após ser detectada a contaminação da produção.
Ambos o tipos de situação podem ser evitados, se forem estabelecidos valores limites de controle para níveis de bactérias, e efetuando as operações de manutenção estritamente dentro dos limites estabelecidos. Desta forma a manutenção do sistema pode ser feita em bases realísticas.
A manutenção preventiva é um fator importante para controle da biocontaminação e bioincrustação, no entanto, muitas vezes pode se ver que as técnicas para limitar o impacto destes problemas em sistemas de tratamento de água, são impropriamente aplicadas.
Uma outra faceta do problema de contaminação microbiológica é que a maioria dos sistemas de pré-tratamento e tratamento propriamente dito, são uma evolução de sistemas originalmente projetados para proteção de caldeiras de vapor, e que posteriormente foram adaptados para atender os processos de produção farmacêutica, cosmética, veterinária e produtos para a saúde . Estes sistemas quase não têm incorporados, no seu desenho, elementos para prevenir a reprodução de microrganismos e endotoxinas. Os sistemas, muitas vezes, estão instalados em áreas gerais de utilidades, a sua manutenção é realizada por pessoal não qualificado, incluindo no sistema, tanques abertos, linhas com pontos mortos, e recipientes que não permitem uma boa sanitização.